Paulo é engenheiro. Também é pai, navegador e, como ele mesmo diz, chorão.

Mas antes de qualquer coisa, é alguém que precisou aprender a navegar em águas desconhecidas — sem bússola, sem mapa, sem vento favorável.

Sua filha, Isabela, foi diagnosticada com Síndrome de Pearson aos nove meses de vida. Uma doença rara, devastadora, que compromete múltiplos sistemas do corpo. Aos olhos da medicina, o prognóstico era curto. Aos olhos do amor, não havia limite de tempo.

Foi no GRAACC, que Paulo encontrou, como ele diz, um farol. Um sinal em meio à escuridão. Aqui, recebeu da médica uma frase que ainda ecoa: “Nós vamos fazer de tudo pra vencer essa doença, e não pra perder.”

Mesmo sem a visão e a mobilidade, Isabela viveu até os 19 anos. Passou por transplante de medula e nunca perdeu a meiguice. E com ela, Paulo aprendeu a esperar. Sentado, ao lado da filha, dia após dia, enquanto o remédio gotejava e a esperança persistia.

Durante décadas, ele deixou o mar de lado. Seu barco, seu sonho de velejar, ficou ancorado no tempo. Mas agora, a âncora se soltou. E Paulo se prepara para cruzar o oceano. Vai participar da Regata Recife–Fernando de Noronha, uma das mais tradicionais do Brasil. Um percurso de meses, enfrentando mar aberto, noites sem lua e ventos imprevisíveis.

Na vela de seu pequeno barco, estará a marca do GRAACC. Não como publicidade. Mas como gratidão. Como quem carrega no tecido a lembrança de quem cuidou de sua filha, e com ela, da sua própria travessia. “A navegação tem uma certa similaridade com a vida”, ele diz.

Porque navegar é não ver o que vem pela frente — e ainda assim, seguir. É confiar que, depois da escuridão, o farol vai piscar. É saber que, mesmo quando tudo parece naufrágio, o amor é boia.

Porque amar, no fim, também é isso: continuar navegando.