Mariana cresceu acreditando em anjos. Não nos das asas brancas ou halos brilhantes, mas nos de gestos suaves, de vozes que acalmam e mãos que curam. Foi assim que ela os reconheceu aos 11 anos, quando a vida, até então cheia de dança, esportes e risos, foi interrompida por uma dor cortante nas costas, que tirou seus passos e a prendeu numa cadeira de rodas.

O diagnóstico trouxe uma palavra que congelou sua família: tumor, com possível metástase. Seu pai, médico, entendeu de imediato o que aquilo significava. Sua mãe segurou a fé como quem segura uma criança prestes a cair. Em uma madrugada de orações e malas feitas às pressas, eles embarcaram para São Paulo, para um lugar que ainda não conheciam, mas que seria seu abrigo mais seguro: o GRAACC.

Foi onde Mariana encontrou os anjos que mudariam sua história. Eles não flutuavam nem brilhavam; vestiam jalecos, carregavam estetoscópios e olhares que diziam “você não está sozinha”. Eles brincavam nas horas de espera, distraíam nas coletas de sangue e seguravam suas mãos nas madrugadas silenciosas da UTI.

“Eu lembro da brinquedoteca. Era como atravessar um portal para um mundo onde a dor não existia. Lembro das risadas, das histórias e até do cachorro terapeuta que vinha nos visitar. Ele abanava o rabo como quem diz: ‘Vai ficar tudo bem’. E ficava.”

A cirurgia foi um sucesso. Contra todas as previsões médicas, a biópsia deu negativa para neoplasia. O tumor de Askin que parecia impossível de vencer simplesmente não estava mais lá. “Foi um milagre”, seu pai repetia, ainda descrente diante do impossível.

Mariana cresceu. Hoje, aos 26 anos, tornou-se médica, guiada pela lembrança dos anjos que encontrou naquele hospital. Mas não parou por aí. Hoje, ela é também uma doadora do GRAACC. Uma anja disfarçada de mulher, devolvendo ao mundo o que um dia recebeu.

“Cada doação que faço é um agradecimento vivo. É como se eu pudesse abraçar aquela Mariana pequena e dizer: ‘Você venceu. E agora vamos ajudar outros a vencerem também’.”

Mariana sabe que milagres existem. Ela viveu um. E agora, através de suas doações, se tornou parte de outros milagres. Sua história mostra que gestos de solidariedade têm o poder de mudar destinos. Seja você também um anjo para quem precisa.

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