
Quando estava com apenas 11 anos a notícia chegou, pesada e impiedosa: um tumor cerebral. O corpo, que até então brincava em aulas de capoeira e carregava violões cheios de sonhos, agora precisava lidar com sessões de quimioterapia e radioterapia. “Senti muito medo”, ele diz. Como explicar a uma criança que, de repente, a vida iria mudar. Entre uma consulta e outra, o garoto se agarrava a sua rotina: ia à escola e insistia em ser ele mesmo, ativo e curioso, enquanto o cabelo perdia um pouco de volume.

A primeira internação foi uma cicatriz emocional. Ainda na fase de investigação, o menino se viu pela primeira vez cercado por um ambiente de silêncio e rostos atentos. Mas, quando recebeu alta médica em 2012, sentiu como se o mundo estivesse se abrindo de novo. A partir daí o jovem passou a retornar apenas para consultas anuais. O tempo parecia, finalmente, soprar leve sobre sua vida.
Em 2020, deu um passo importante: ingressou na faculdade de medicina, decidido a transformar sua dor em cuidado. “Sempre gostei da área da saúde, mas depois do diagnóstico não tive dúvidas: eu queria ser médico”. Só não imaginava que a doença voltaria para testar sua força mais uma vez.
Após um jogo de basquete, Victor acordou com uma dor de cabeça avassaladora. Novos exames confirmaram a recidiva – o tumor havia voltado. Em meio à pandemia e às aulas remotas, iniciou outra rodada de quimioterapia e radioterapia. Desta vez, o desafio foi ainda maior: ele precisaria passar por um transplante de medula óssea, realizado em maio de 2021.
Mas, como sempre, o jovem resistiu. Em setembro daquele ano, a notícia tão aguardada chegou: o procedimento foi um sucesso, permitindo a ele retomar sua vida. Aos poucos, voltou a ser quem sempre foi: o estudante dedicado, o irmão que jogava videogame nas horas vagas e o futuro médico, inspirado por aqueles que um dia o cuidaram. “Descobri que sou mais forte do que imaginava. Aprendi a valorizar as pessoas que estão ao nosso lado e os profissionais de saúde, que atuam na área por amor”.
No conjunto desses profissionais, a Dra. Nasjla desempenha um papel importante. Hoje, Victor não é apenas paciente, mas futuro colega de profissão – ele pretende fazer um estágio no GRAACC, sob a supervisão da mentora. “A Dra. Nasjla mora no meu coração”, diz ele, com o olhar úmido de quem sabe que, nas lutas mais difíceis, são os laços de afeto e a empatia que nos dão forças para continuar.
A dra. Nasjla também conta sobre as boas lembranças que tem do paciente. “Receber o diagnóstico de tumor cerebral é muito difícil, mas ele ficava atento a tudo que explicávamos, e durante todo o tratamento se comportou assim, com propósito de cura. Em nenhum momento mostrou desânimo. Brincávamos sobre qual seria a profissão que ele escolheria no futuro, falávamos em cursar medicina e depois vir trabalhar no GRAACC. E, hoje, o sonho foi realizado. O meu sentimento é de muito orgulho e de um imenso carinho por ele”, conta Dra. Nasjla, emocionada.
A trajetória do jovem é um exemplo para aqueles que enfrentam desafios semelhantes. “Não se deixem abalar. Acreditem no que vocês têm fé e deem o seu máximo durante o tratamento”, diz Victor.
Porque, no fim, a história de Victor não é apenas sobre a cura – é sobre o que acontece quando transformamos dor em afeto e criamos laços que ficam para sempre. É sobre uma vida que, mesmo nos momentos mais difíceis, encontra força para florescer.

Entender os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil é um passo fundamental para garantir o...
Verão aumenta risco de câncer de pele em crianças e adolescentes devido à exposição solar....

O diagnóstico precoce é imprescindível para a cura do câncer. Conheça quais são os sintomas...

O GRAACC recebeu o Prêmio Fazer o Bem, uma iniciativa da empresa Arroz Prato Fino,...