Há momentos em que a vida nos convida a enxergar o mundo com outros olhos. Às vezes, esses eles vêm em forma de grandes alegrias, e em outras, como desafios que nos moldam, tornando-nos pessoas diferentes de quem já fomos um dia. Para muitos, é o amor que guia esse olhar, e para outros, é o inesperado encontro com alguém que precisa de nós. Marcos Vidoski, 58 anos, é um desses transformados pelo afeto sem limites por sua filha mais velha, Débora, nascida com a Síndrome de Angelman. Esse carinho, repleto de cuidado e de uma ternura silenciosa, se tornou a semente de sua generosidade.
Empresário em São Caetano do Sul, pai de duas meninas, Marcos Vidoski foi levado por esse sentimento a um caminho de contribuição e ajuda ao próximo. Desde o nascimento da jovem, há três décadas, ele e a esposa descobriram que o simples ato de doar é como uma extensão natural da afeição que sentem por ela, uma forma de abraçar também as histórias de outras crianças, de outros pais, que compartilham dos mesmos anseios e batalhas. Ele fala sobre ela com uma ternura que beira o sagrado: “Ela é uma menina 100% dependente da gente: não fala, não se alimenta sozinha, é cadeirante. Até os sete anos de idade ela andava, com o suporte da equoterapia. Mas depois ela começou a ter problemas nos pés, fez cirurgia e parou de andar a partir desse momento. A idade também traz mais dificuldades, a criança vai perdendo os movimentos. Minha filha é um anjinho de luz nas nossas vidas”, conta emocionado.
A primeira vez que ele pôde visitar o hospital do GRAACC, foi como se uma nova porta se abrisse. Ele encontrou ali ecos de sua própria experiência: jovens lutando, pais de olhos atentos e corações apertados. Como muitos dos pacientes que recebem tratamento ali, a Débora precisou de cuidados intensivos e cirurgias ao longo do tempo. Foi então que ele percebeu que contribuir para essas causas era uma maneira de devolver um pouco do apoio que sua própria família já havia recebido.
Hoje, as doações de Marcos ao GRAACC e a tantas outras instituições seguem um ritmo próprio, um ato quase automático, mas jamais vazio. “Eu me sinto bem quando recebo um e-mail, a mala direta ou algum envelope de aniversário com a carinha dos pacientes do GRAACC. É emocionante. Isso faz mais bem para mim do que qualquer outra coisa”, confessa.
Marcos acredita que a doação transforma o doador. Ele não espera nada em troca, mas sabe que, ao nutrir um ciclo de bondade, está construindo algo maior, algo que traz um retorno sutil e silencioso.
No fim das contas, para ele, a vida é sobre essa ligação entre o que doamos e o que recebemos de volta, mesmo que venha apenas na forma de paz interior. E assim, guiado pelo amor incondicional e pelo desejo de fazer o bem, ele segue, como tantos outros que doam ao nosso hospital, trazendo luz e esperança àqueles que mais precisam.
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